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Zona de conforto vs Um mundo cheio de possibilidades

Zona de conforto vs Um mundo cheio de possibilidades
Jaciara Busarello
dez. 6 - 12 min de leitura
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Sonho, no sentido figurado, é desejar (algo) com insistência; pensar muito em; almejar.

"Sonhos determinam o que você quer. Ação determina aquilo que você conquista." (Aldo Novak)

Anos atrás eu poderia ser considerada mais sonhadora, mas hoje percebi que sou mais pé no chão. Só que, ao mesmo tempo que meu coração está calmo e sossegado, percebi que estou na zona de conforto. E todo progresso acontece fora dela, certo? Quando me dei conta disso, voltei e relembrei todos os sonhos que já foram meus e estão aqui dentro de mim guardados esperando para terem o seu momento.

Observando minha linha do tempo, meus sonhos que antes eram uma coisa, foram divididos e transformados em outras mil. Por exemplo, eu sempre quis ser veterinária com o intuito de ajudar os animais e poder salvá-los. Mas a questão do veganismo e amor pelos animais entrou no meio e percebi que não seria um ambiente muito bom pra mim já que as universidades focam mais na produção animal. Peguei esse sonho, me formei em design e transformei meu trabalho de conclusão em projeto lindo: a EquiCare Band. Sempre quis ter meu próprio negócio já que nunca me adaptei muito bem às empresas tradicionais, mas ao mesmo tempo sempre quis trabalhar no negócio dos meus pais. Transformei tudo isso na Dolce Alba Concept. Sempre quis estudar no exterior. Esse ano realizei essa conquista e comecei a fazer um MBA online de uma universidade da Espanha. Outro sonho é morar fora do país. E é quando a gente chega no presente.

"Mas Jaci, por que fazer isso agora?"; "Você nunca vai conseguir sair daqui, tens tanta coisa pra fazer ainda"; "Olha quanta coisa incrível você já criou, tem certeza que vai deixar tudo para começar do zero?"; "E como vai ficar a sua marca?" E mais de cem perguntas que as pessoas me rodeiam fazendo todos os dias quando falo que decidi me mudar para a Espanha.

E, quando paro para pensar no assunto, realmente faz sentido. Por que vou deixar tudo o que construí aqui para começar uma vida nova, do zero, em outro lugar? Posso morar com os meus pais, não preciso pagar aluguel, trabalho do lado de casa e mais milhões de facilidades que eu poderia listar aqui até amanhã. Não gosto de chamar de zona de conforto a minha vida como um todo, senão uma parte dela. Meu eu hoje está, minha vida profissional não. Minha cabeça fica todos os dias a mil, criando projetos novos, ideias e mil oportunidades. Bem ao contrário de uma zona de conforto comum, mas me sinto presa a uma coisa que eu mesma criei. Quem estou querendo enganar?

E se eu morresse amanhã, eu seria facilmente substituída e não faria falta no mercado ou o mundo iria parar por minha causa? "E’ e ‘se’ são palavras que, por si, não apresentam nenhuma ameaça. Mas, se colocadas juntas, lado a lado, elas têm o poder de nos assombrar a vida toda." Lembram desse filme? E se... E se... E se… As pessoas podem viver sem mim, sem o meu negócio, sem aquilo que já fiz ou faço? Infelizmente, na maioria das vezes, sim, as pessoas viverão sem mim, sem você, e a vida vai seguir. Vale a pena não se permitir viver novos sonhos, prendendo-se em sonhos já realizados? E a resposta agora, no momento que estou, é: pode acontecer amanhã, daqui dois meses, vinte, trinta anos, mas vai chegar o dia em que você se arrependerá mais pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Clichê, né? E é a real. Sempre deixamos tudo para depois achando que vamos ter uma segunda chance para as coisas na vida. Que vamos ter tempo para fazer aquilo que tanto queremos. E se você não tiver tanto tempo assim? E se você descobrir que só tem seis meses de vida, o que você faria? Nós não temos todo o tempo no mundo. Devemos descobrir a melhor maneira de aproveitá-lo, seja morando fora do país ou qualquer outro sonho que você tenha adormecido dentro do seu coração.

"Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do seu futuro que deixa de existir" (Steve Jobs)

Relendo o livro Quebrando Limites da Carol Barcello, percebi o quanto esse trecho do capítulo cinco me ajuda a continuar querendo esse sonho. Vou transcrever para vocês:

"Os corajosos não são aqueles que sentem medo, mas aqueles que o enfrentam. É preciso coragem para admitir que o medo existe, e estar diante dele requer uma atitude. Enfrentá-lo, mas sem perder o respeito. Sim, porque o medo não deixa de ser um aviso de que estamos numa situação em que é preciso ter cuidado, se proteger, estar atento [...] Não dá para simplesmente falar: eu não vou fazer isso porque sinto medo. Como assim? Medo do quê? Como isso pode ser contornado ou controlado? Até que ponto é um aviso para ter cuidado, mas não para desistir? [...] Enfrentar o medo pode não ser uma opção [...] Pode ser algo que a vida impõe [...] Infelizmente, não temos como criar um ambiente 100% seguro para ninguém [...] Então, minha filosofia é: vai e encara".

Faz um ano que decidi morar fora do país. Viajei mais duas vezes para a Espanha, ficando um mês em cada viagem, 30 dias em Valência, 30 dias em Barcelona, mas ainda assim eu não me sentia segura 100% para me jogar e fazer acontecer. Na segunda vez, ao procurar trabalho e apartamento para morar, percebi o quão despreparada eu estava para isso. Não somente financeiramente, mas emocionalmente e psicologicamente, mas eu não havia me dedicado o suficiente para esse sonho se tornar realidade. Então tive que voltar para o Brasil para perceber que esse sentimento de medo veio pela falta de planejamento. Eu, na minha inocência, achei que era só ir e pronto! Logo eu, obcecada por planejamento. Planejo tudo na minha vida, mas pro meu sonho mais importante, deixei de lado. Parece bobo, mas nos momentos que ficamos muito obcecados pelo desejo, esquecemos de fazer muitas coisas importantes. Focamos no resultado e esquecemos de planejar o caminho até lá. Depois de vários planejamentos, muitas listas, análise SWOT e análise de perdas e ganhos, um passo a passo nos mínimos detalhes para realizar esse sonho, eu me sinto preparada.

Aliado à preparação emocional que tenho tido nesses últimos com minha psicóloga e o planejamento, a primeira coisa que eu precisei inserir na minha mente foi de que esse sonho é algo que eu realmente quero e outra foi acreditar que eu consigo e posso, que sou capaz.

Com isso, fazendo as análises percebi que meus ganhos serão muito maiores que minhas perdas. Crescimento pessoal e profissional, amadurecimento, liberdade para criar novas experiências, vivências de um novo idioma e cultura são apenas alguns dos pontos positivos e oportunidades do que vou viver lá fora.

"Podemos fazer tudo aquilo que desejarmos e quisermos, desde que seja com corpo, coração e alma".

Se não der certo e eu precisar voltar pro Brasil, ou se der certo mas mesmo assim eu sentir que não era o que eu esperava ou pensava em ter para minha vida, tudo bem. Pelo menos eu tentei. Se eu ficar onde eu estou, nesse exato momento, os meus ganhos serão comodidade, zona de conforto, frustração por não tentar, falta de realização e o principal: a oportunidade de ter todos os pontos positivos que eu citei acima. O que vale mais a pena? Tentar e ter a possibilidade de não dar certo ou não tentar e ficar sempre pensando que poderia ter feito mas não fez?

"É importante se preparar, mais até do que sonhar com o resultado. A força da busca todos os dias é o que leva à conquista". (Carol Barcellos)

Existe uma frase que diz mais ou menos assim "você precisa ser feliz independente de onde você estiver". Mas, vamos lá. Não é que eu não seja feliz aqui, eu sou muito feliz hoje onde estou e sou muito grata. Mas sei que posso ser muito mais do que o patamar que estou hoje, entende? Sei que posso evoluir, crescer e ser uma pessoa muito melhor do que sou hoje.

Adoro a palavra "jornada" e levo cada parte da minha vida como se fosse uma, inclusive a felicidade. Aliás, até onde sei, todas as pessoas tornam a vida em uma jornada em busca dela, não é? Tudo o que fazemos é para sentirmos o lampejo de um milésimo de segundo do nosso coração cheio de amor e transbordando de uma alegria que não sabemos explicar. Estudar, observar e entender o seu eu, vai fazer com que você traga esse sentimento muito mais próximo de você. Seguir a intuição, os sonhos e desejos é uma forma de estarmos olhando para frente e ver que podemos expandir a nossa consciência para algo muito maior. Somente saindo da zona de conforto é que vamos conseguir conquistá-lo.

Correr atrás de outro sonho não quer dizer que você deixará tudo o que você conquistou para trás, jogar tudo pro alto e simplesmente fingir que nada aconteceu. A melhor forma para você fazer isso, na minha opinião, é encontrar uma forma de fazer com que você continue os seus projetos, sejam pessoais ou profissionais, de qualquer parte do mundo. Hoje o nomadismo digital está aí para isso, não é?

Nos prendermos a um negócio, um trabalho, um medo, ou seja lá o que você esteja preso no momento, é não termos uma visão ampla da nossa vida, de que hoje com a internet podemos fazer tudo de qualquer parte do mundo. É claro que existem profissões que não cabem aqui, mas pense sempre em você, seja egoísta nesse ponto e lembre que a sua felicidade é sua e de mais ninguém. Se não fizer nada para conquistá-la, quem mais poderá fazê-lo?

Existe a possibilidade de você juntar vários dos seus sonhos em um e que seja positivo? Se sim, digo com todo meu coração: não deixe de se desafiar pelo medo. Para o ser humano, isso é o que nos move e o que nos faz querer buscar o melhor de nós todos os dias. Lembre-se também de que se você esperar pelo momento certo, pelas condições perfeitas, você nunca irá fazer nada porque nunca estamos prontos. O momento é hoje, o agora.

O que você está escolhendo hoje para você está sendo baseado nos seus desejos e vontades reais ou naquilo que dá para você fazer para substituir esses sonhos temporariamente?


Sobre a autora:

Jaciara é designer e criadora de conteúdo freelance, além de ser empreendedora na Dolce Alba Concept, sua marca vegana de acessórios de vime. Ela escreve sobre suas experiências de vida e ensina sobre empreendedorismo e vida consciente, enquanto viaja pelo mundo vivendo sua jornada de autoconhecimento.

Siga Jaciara Busarello no LinkedInInstagram e Twitter.

Artigo publicado originalmente no LinkedIn.


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