Artigo originalmente publicado no Linkedin
O Design Thinking (DT) é uma abordagem ferramental que se apodera do modo de pensar e resolver problemas dos designers, aplicando-o para solução de desafios que não são mais desse universo, como por exemplo de negócios. Deste modo, a busca por soluções passa a ser orientada principalmente a partir da perspectiva do usuário, já que seria assim se fosse um típico projeto de design.
Ele serve para facilitar o entendimento da real necessidade, acessando conhecimentos mais profundos, latentes e que não necessariamente são observados simplesmente a partir da fala de uma pessoa ou pelo uso tradicional de pesquisas quantitativas. Isso faz com que os insights gerados sejam mais ricos e com maior potencial de inovação. Pois, conseguimos além de identificar qual o problema, entender o porquê ele ocorre - o maior dos benefícios.
Em complementariedade à isso temos outros dois pilares que guiam o DT, que são a colaboração, realizada por meio de uma construção que vê as diversas particularidades de uma solução e tende a ser mais eficiente; e a experimentação da solução (protótipos + testes) antes do seu lançamento no mercado, permitindo antever problemas, reduzir custos e riscos.
Ao longo dos últimos sete anos, venho desenvolvendo projetos utilizando diversas abordagens de ordem mais qualitativa, como por exemplo o DT, em empresas de diversos tamanhos e segmentos. Mesmo não sendo o DT necessariamente uma novidade no ambiente de negócios, e contra muitas apostas, ele vem ganhando cada vez mais força, e tem sido cada vez mais aperfeiçoado pelos profissionais da área. Lembrando que o Design é em si uma disciplina bastante recente (dentro do viés histórico) e que vem passando por constantes transformações frente às mudanças que se apresentam na sociedade.
Ele ganha protagonismo principalmente neste momento em que vivemos um contexto digital muito forte, em que praticamente tudo que conhecemos, de alguma forma, está passando por um processo de digitalização. Sua importância é reforçada pois traz relevância não apenas no aspecto estético (interface), mas também nos âmbitos tático e estratégico.
Design como estratégia para venda e posicionamento de produtos, modelagem de negócios e serviços, e sua interações em um ecossistema (sistema), bem como uma ferramenta de aperfeiçoamento de experiência de uso de forma total. Nesse sentido, cito o UX (User Experience), DT (Design Thinking) e o Service Design como abordagens bastante interessantes a serem adotadas nos mais diversos tipos de empresas e desafios.
É claro que há um divisor de águas* entre o sucesso e o fracasso de um produto, serviço ou sistema (PSS), que é dado pelo antes e depois de um projeto utilizando ferramentas que direcionam suas soluções a partir do usuário. Basta observarmos o sucesso que muitas empresas têm alcançado em um relativo curto espaço de tempo desde seu surgimento frente aos demais tradicionais modelos. No final das contas, o usuário, hoje com grande poder de escolha, preferirá otimizar seu tempo e dinheiro com escolhas mais agradáveis. Sem falar que podemos não só melhorar a experiência das pessoas, superando suas expectativas, como melhorar a qualidade de vida delas.
Acredito que muitas empresas têm percebido quão forte tem sido esse direcionamento e têm procurado amadurecer seu entendimento acerca da importância de um processo estruturado de Design para seus produtos, processos e serviços. No entanto, esse processo de aculturamento não é uma tarefa tão simples e instantânea. Além de ter que ser necessariamente uma postura top down, deve ocorrer de maneira gradativa, responsável e deliberada**.
Nesse sentido, tem ocorrido uma busca cada vez mais crescente de iniciativas que ajudem na formação de profissionais dentro dos primas da inovação. Eu mesma, já desenvolvi e ministrei dezenas de programas, eventos, workshops orientados à atender essas necessidades. Particularmente, entendo que o engajamento dos colaboradores é fundamental para que iniciativas como estas sejam efetivas. Assim sendo, é necessário mais do que sentar o colaborador em uma cadeira e passar um treinamento e depois soltá-lo na operação à espera de que o milagre aconteça. Para que essa efetividade seja cumprida, acredito no desenho de uma solução integradora que se adapte à realidade e cultura da empresa e das pessoas que ali trabalham, promovendo um profundo engajamento.
A IDEO, uma das principais instituições quando se fala em Design Thinking, conhecida por muitos dos profissionais que trabalham com isso, vem desenvolvendo inúmeras frentes que agora extrapolam o mundo corporativo, como a do governo, health care e da educação. Recentemente ela fez, em parceria com K12 Lab Network da Stanford’s d.school, um mapeamento de instituições de ensino que utilizam o Design Thinking como abordagem educacional. O resultado desse trabalho vocês podem conferir AQUI.
***
Como podemos perceber no mapa de instituições, no Brasil esta cultura ainda é bastante incipiente se comparada a outros locais do planeta. Por esse motivo, acredito que exista um mar de oportunidades a explorarmos e trazermos inovação dentro dos mais diversos segmentos da sociedade. A necessidade existe e aposto que você, lendo esse texto, já pensou em algumas. Vamos trazer as transformações que o nosso país precisa e com isso combater a crise de maneira eficiente?
Vamos nos preparar para o futuro que já chegou? Enfim, vamos inovar!
OBS: Artigo em processo de correção:
REFERÊNCIAS E LEITURA COMPLEMENTAR:
*DMI, Design Institute Management, http://www.dmi.org/?DesignValue. Acesso em 22/03/2016
**MOZOTA, Brigitte Borja; COSTA, Filipe Campelo Xavier; KLÖPSCH, Cássia. Gestão do Design. Edição 1º. Porto Alegre: Bookman, 2011.
*** Imagem crianças: http://dschool.stanford.edu/wp-content/uploads/2010/09/k1211-730x485.jpg. Acesso em 22/03/2016
O Livro de Design Thinking: http://www.livrodesignthinking.com.br/
TJENDRA, Jeffrey: INNOVATION LEADERSHIP THROUGH BUSINESS. Em: http://www.slideshare.net/Sketchin/innovation-leadership-through-business
IDEO: https://www.ideo.com/