O mundo não é mais o mesmo. Sabemos! Se você ainda não mudou, algo está errado. Comece a se mexer, pois o mundo como você conhecia, não existe mais.
Quando a gente não muda, o universo vem e te obriga a mudar. Como diria minha mãe, se você não vai pelo amor, vai pela dor. Qual a sua escolha?
Fico pensando aqui se todo o nosso cenário atual não é a Terra tentando nos expulsar, nós os verdadeiros vírus dessa história. Já pensou?
Hoje quero apenas ventilar algumas ideias e pensamentos. Talvez confusos e desconexos, mas necessários. Palavras ao vento, porque não? Quero pensar com vocês sobre as mudanças que teremos (e já estamos tendo) no mundo e no design.
Rapidamente surgem novas tendências que transformam e influenciam todo esse conjunto. Ano após ano, surgem termos novos, áreas novas, … Novo? Novo que nunca é tão novo. Lembram do Design Thinking (UX, UXI…), Nielsen Norman já estava anunciando. Mas eis que o termo surge e ficamos até meio perdidos, achando que não sabemos ou que estamos desatualizados. O novo não existe.
Vivemos um período de “Guerra Mundial”, se você ainda não entendeu isso, reflita. Os sinais estão em todo o lugar. Não espere a bomba explodir dentro do seu quarto. Sabemos que o pós-pandemia será de forte recessão, crise econômica (ampliada), instabilidade, incertezas e uma necessidade latente por adaptações e muita resiliência. O momento nos oferece um chamado, é preciso estar preparado... O que realmente importa?
Qual o futuro do design? Não sabemos. Mas acredito que assim como no pós guerra, tivemos um design mais minimalista, voltado para forma e função, teremos em breve esses conceitos retornando. Clareza, simplicidade, reduzir os excessos e incluir cada vez mais o usuário - sua compreensão e relação com aquilo que recebe, serão imprescindíveis. Creio que teremos uma abordagem mais holística do design em relação ao meio ambiente, principalmente uma reformulação prática e teórica da sua relação com a natureza. O mundo grita por isso.
Quando eu fazia faculdade muito se falava de sustentabilidade. É um tema ainda recorrente,mas pouco aplicado, no consumo e nos projetos. Espero que neste pós-pandemia se resgate a necessidade de um design aliado aos 3 pilares da sustentabilidade e que isso seja prática e não apenas um conceito ou uma historinha criada para vender uma marca ou produto. Que nosso pensamento esteja em todo o processo de design e não apenas na sua finalização. Devemos lembrar que a sustentabilidade “não é um ingrediente que se acrescenta, como se coloca combustível no tanque do carro. Ela é propriedade do sistema como um todo”, Thackara.
Esteticamente falando, penso que teremos uma arte e design muito mais engajados politicamente, não de forma instrumentadora, mas no sentido de uma micro-política (do corpo, da memória e dos traumas) - no campo individual e coletivo.
Viveremos um momento de ideias progressistas que expressam a esperança e as ilusões vinculadas ao estabelecimento de um novo cenário, com novos olhares, comportamentos, modos de pensar e de agir. É o surgimento de conceitos e práxis que traz muito do passado que perdemos ou ignoramos. Um pedido por pausa, de um olhar mais local e menos global?
Importante pensar que nem sempre é preciso mudar, mas questionar. Buscar algo que traga o espírito otimista e acolhedor, comprometendo-se a longo prazo e consciente de que o que é planejado nem sempre pode ser aplicado. Não temos o controle de tudo.
Será que seremos capazes de criar um mundo melhor, mais conectado, um espírito de renovação? Precisamos nos lembrar que o desenvolvimento começa em casa. É preciso propósito, considerando as minúcias do individualismo e descartando as generalizações. Nos envolvemos com ideias e não apenas produtos.
Penso que teremos uma abordagem mais neutra, mais racional e coletiva, mas que valorize as pequenas ações. Peças com harmonia, clareza, ciência e tecnologia.. Quem sabe um momento de produções altamente personalizadas e expressivas, a cor com destaque e como símbolo, lembrando Klee, Kandiski e Picasso. Suposições que deixo aqui.
O consumidor mudou, a mídia já não é mais a mesma, o papel que o digital ganhou na vida das pessoas e sua forma de se relacionar também mudaram. O vídeo ganha espaço, anunciasse o fim do feed (@caixeta), ressignifica-se os influencers, empresas precisam aplicar a resiliência, é preciso empatia. Como você se posiciona?
A cultura vernacular e a cultura popular voltará a inspirar os criativos? Simplicidade gráfica, franqueza nas histórias, compreensão das artes e do mundo? A mulher ganha mais voz, a geração mimi é presente e exigente. É preciso cuidar, tudo é muito rápido, é preciso ter consciência social e política . Lembrar que silenciar é estar do lado do oprimido.
A informação chega muito rápida, tudo muda, como se adaptar sem perder o timing. Uma revolução no conteúdo que se consome. É preciso sinergia entre imagem, texto e movimento. É preciso ser inteligente, o consumidor está atento.
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Se olharmos para o passado, o pós guerra trouxe uma fragmentação de discurso das artes e da literatura. Talvez, assistiremos a um retorno do design mais formalista, conceitual e até mesmo emocional. É possível isso?
Será um novo mundo? Para designers, artistas, criativos, músicos, artesãos, pesquisadores, cientistas, médicos? O que é de fato valorizado? Quantos cursos fez? Quantas lives, filmes e séries assistiu? O que você realmente consumiu nessa quarentena?
Quero que a quietude contemplativa à exuberância comemorativa forneçam a nós uma verdadeira poesia visual no Design.
O design, assim como a arte, passaram por muitos processos durante a história. Processos e transformações que são influenciados pelo momento histórico. Uma pandemia como a atual faz com que a gente, se verdeverdade, modifique a nossa visão sobre o mundo e sobre nós.
O que mudou para você?